O impacto da mudança climática sobre a agricultura tropical e a necessidade de que a ciência e a inovação realizem um papel protagonista para proteger a produtividade foram outros dos temas tratados.
Baku, Azerbaijão, 13 de novembro de 2024 (IICA) – O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) aprofundou na COP 29 a sua aliança com o Grupo Consultivo para a Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR, em inglês), a maior rede mundial de pesquisa e inovação agropecuária.
A Diretora Geral Executiva do CGIAR, Ismahane Elouafi, se reuniu com o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, na Casa da Agricultura Sustentável das Américas, o pavilhão que o organismo hemisférico tem junto com seus sócios no maior fórum ambiental do mundo, que este ano reúne representantes de 197 países em Baku, capital do Azerbaijão.
“Falamos sobre os diferentes temas de colaboração recíproca que existem entre o CGIAR e o IICA, inclusive como podemos assegurar que a agricultura da América Latina e do Caribe acelere sua transformação para conseguir maior resiliência, sustentabilidade e eficiência. Também, sobre como podemos fortalecer os sistemas de ciência e pesquisa para que tenhamos sistemas agroalimentares que funcionem melhor”, contou Elouafi, que desde 2023 lidera o CGIAR, organização que há mais de 50 anos fornece provas científicas e novas ferramentas para transformar os sistemas agroalimentares em países de renda média e baixa.
Elouafi e Otero também discutiram extensivamente sobre como favorecer a produtividade e a resiliência nas ilhas do Caribe.
“As ilhas do Caribe devem unir esforços com as ilhas do Pacífico e de outras regiões do mundo, para compartilhar experiências, boas práticas e aprendizagens, já que todas são extremadamente vulneráveis à mudança climática”, declarou Elouafi.
Agricultura tropical
O impacto da mudança climática sobre a agricultura tropical e a necessidade de que a ciência e a inovação realizem um papel protagonista para proteger a produtividade foi outro dos temas tratados.
“Falamos da importância de construir alianças com instituições do setores público e privado para gerar uma nova institucionalidade no setor agropecuário. Convidamos o CGIAR a compartilhar uma plataforma para a agricultura tropical que o IICA está desenvolvendo, com o objetivo de gerar sinergias para enfrentar a realidade de que a produtividade agrícola está decaindo”, revelou Otero.
Um dos temas centrais conversados foi a necessidade de aprofundar a cooperação Sul-Sul para compartilhar os conhecimentos entre países em desenvolvimento. A Diretora Geral Executiva do CGIAR se referiu à importância de que prestigiosas instituições da América Latina, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e o Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (CATIE), compartam sua experiência com países africanos.
“Muitas vezes a agricultura é sinalizada como o vilão da história nos fóruns internacionais sobre mudança climática, mas isso é uma visão equivocada. Na própria agricultura está a solução para a mitigação da mudança climática, porém seja necessário acelerar a transformação por meio da tecnologia e da inovação”, disse Elouafi durante sua visita à Casa da Agricultura Sustentável das Américas na COP 29.
“É a agricultura a que pode descarbonizar o mundo, por meio de processos naturais com as plantas e o sol. Não é um carro elétrico. Mas para levar a agricultura para a descarbonização com práticas mais sustentáveis, precisamos incentivar os produtores por meio de políticas e por meio dos mercados. Devemos promover os incentivos corretos, que forneçam renda para os produtores. Aquelas pessoas que implementam práticas sustentáveis hoje não têm uma vida decente porque não recebem pagamento pelos seus serviços ecossistêmicos”, adicionou.
A Diretora Geral Executiva do CGIAR enfatizou finalmente a importância da agricultura da América Latina e do Caribe para a segurança alimentar global: “Os sistemas agroalimentares da região utilizam novas tecnologias e são altamente produtivos. Também se propagou no continente a agroecologia. A região tem uma longa história de sistemas de produção que protegem a natureza. Acredito que é um modelo para outras regiões, mas não tem o reconhecimento que merece”.
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