Ante esse cenário, o IICA lançou durante a COP 29 um mecanismo pioneiro com o objetivo de ativar recursos financeiros para fortalecer os produtores do continente. Se chama Fundo Hemisférico para a Resiliência e Sustentabilidade da Agricultura (FoHRSA), que foi desenvolvido ante as dificuldades que os produtores enfrentam para acessar mecanismos de cobertura como seguros ou novas tecnologias que ajudem a produzir mais com menos, segundo Lloyd Day.
Baku, Azerbaijão, 19 de novembro de 2024 (IICA) – Ministros de Agricultura da América Latina e do Caribe exigiram na COP 29 financiamento dos países ricos para os pequenos produtores, em prol de apoiar um setor essencial para a segurança alimentar ante o impacto de fenômenos climáticos cada vez mais extremos e frequentes e desencorajar migrações para fora das áreas rurais.
Enchentes, secas, correntes de calor e temporais afetam frequentemente os rendimentos de produção, destruindo infraestrutura crítica para os meios de vida das comunidades rurais, advertiram no pavilhão que o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e seus sócios instalaram no fórum global de negociação ambiental que reúne 65.000 pessoas na cidade de Baku.
A Casa da Agricultura Sustentável das Américas, que leva a voz do setor de produção do continente até a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, está presente pela terceira vez consecutiva, já que também esteve na COP 27 de Sharm-El-Sheikh e a COP 28 de Dubai.
O Ministro de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos, e o Ministro de Agricultura, Pesca e Economia Azul e Verde da Dominica, Roland Royer, compartilharam suas experiências e seus pontos de vista sobre o impacto da crise ambiental em um painel em que participou o Subdiretor Geral do IICA, Lloyd Day.
A moderadora foi Danielle Nierenberg, Presidente da organização Food Tank, que tem sede nos Estados Unidos e impulsiona a transformação positiva dos sistemas agroalimentares.
Mattos, que lidera à Junta Interamericana de Agricultura (JIA), máximo órgão de governo do IICA composto pelos 34 ministros do setor das Américas, explicou que os países da América Latina e do Caribe têm condições heterogenias, mas todos estão vulneráveis.
“No Uruguai, nos últimos anos, tivemos secas muito severas, com forte impacto na economia e na produção. E depois das secas chegaram as enchentes. Esse contraste entre fenômenos climáticos não afeta a nossa segurança alimentar, porque o nosso é um país que produz alimentação para uma população 10 ou 15 vezes maior à que tem, mais sim afeta nossas exportações e isso termina afetando os números da nossa economia”, explicou.
Royer, pelo seu lado, deu detalhes da situação na Dominica e em outros ilhas do Caribe: “O impacto da mudança climática é severo. Enfrentamos a temporada de ciclones, de junho a dezembro. São seis meses em que somos altamente vulneráveis. Em 2017, por exemplo, tivemos o furacão Maria que causou severos estragos na Dominica. E este mesmo ano, outro furacão afetou enormemente Jamaica, São Vicente e as Granadinas e Granada, entre outros países do Caribe. Isso mostra o nível de exposição que temos”.
O Ministro da Dominica, um país insular de uns 72.000 habitantes, assegurou que os fenômenos climáticos são uma ameaça concreta para a segurança alimentar no Caribe, como os agricultores não precisam lidar somente com os furacões, mas também com temporadas de secas mais longas e padrões de chuva inconstantes.
“Todos esses desafios desmotivam os agricultores, que em alguns casos abandonam o campo”, disse.
Lloyd Day, Subdiretor Geral do IICA, reconheceu que hoje, enchentes, secas e ondas de calor afetam todos os países, do norte ao sul das Américas. “Inclusive nos países onde sempre houve abundância de água, hoje enfrentam escassez”, declarou.
Nesse sentido, contou que o IICA trabalha com os ministros para impulsionar políticas públicas e o fortalecimento dos sistemas de ciência e inovação, para lidar com esses fenômenos.
“Chegamos à COP 29 para elevar a voz dos agricultores das Américas”, disse. “A pessoa média acredita que o alimento vem do supermercado; por isso pensamos que a agricultura deve ter uma cara aqui. A maioria dos pavilhões dizem que a agricultura é um problema e nós viemos para dizer que somos parte da solução, porque somos o único setor de produção que pode sequestrar carbono e ao mesmo tempo sustentar a segurança alimentar”.
Sustentabilidade econômica e social
Durante um diálogo com Danielle Nierenberg, os Ministros de Agricultura e o Subdiretor Geral do IICA deram detalhes sobre os principais aspectos da relação entre segurança alimentar e mudança climática e se concentraram em que ainda há muito trabalho por diante para fortalecer a resiliência da produção agropecuária.
“A sustentabilidade não é só ambiental, mas também econômica e social. Um produtor que deve enfrentar fenômenos climáticos extremos muitas vezes termina abandonando a terra. E isso tem um enorme impacto social, já que a migração do campo para a cidade implica a perda de identidade cultura e de sistemas de produção tradicionais”, declarou Mattos.
“Se não apoiamos os pequenos produtores, a própria crise climática vai agravar o processo de concentração da terra e da produção. O mercado não resolve sozinho as coisas. O Estado tem que ser participante e os países desenvolvidos devem cumprir seus compromissos de financiamento”, adicionou.
Na Dominica, por enquanto, os agricultores estão perdendo mercados por causa da queda de rendimentos e isso desmotiva o investimento nas suas unidades de produção”, disse Royer.
“Os países do Caribe não emitimos gases de efeito estufa e, por tanto, não causamos a mudança climática. Ainda assim, sofremos as consequências e ninguém nos compensa. Precisamos de um fundo específico para a segurança alimentar. Peço que os compromissos e responsabilidades sejam cumpridos”, concluiu.
Ante esse cenário, o IICA lançou durante a COP 29 um mecanismo pioneiro com o objetivo de ativar recursos financeiros para fortalecer os produtores do continente. Se chama Fundo Hemisférico para a Resiliência e Sustentabilidade da Agricultura (FoHRSA), que foi desenvolvido ante as dificuldades que os produtores enfrentam para acessar mecanismos de cobertura como seguros ou novas tecnologias que ajudem a produzir mais com menos, segundo Lloyd Day.
“Esta foi chamada a COP do financiamento. Precisamos agitar esse fórum para que notem a situação da agricultura e da alimentação. Precisamos de um compromisso global de financiamento para os agricultores”, concluiu Day.
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