O pavilhão montado na Conferência das Nações Unidas realizada na cidade de Baku, capital do Azerbaijão, foi o palco que reuniu agricultores, atores do setor privado e altos funcionários do setor de agricultura das Américas para uma conversa com foco no futuro e ênfase na sustentabilidade econômica, social e ambiental da produção animal.
Baku, Azerbaijão, 13 de novembro de 2024 (IICA) — O setor produtivo das Américas mostrou na COP29, o maior foro mundial de negociação ambiental, como a pecuária sustentável do continente se consolida cada vez mais como uma solução à crise climática.
O pavilhão montado na Conferência das Nações Unidas realizada na cidade de Baku, capital do Azerbaijão, foi o palco que reuniu agricultores, atores do setor privado e altos funcionários do setor de agricultura das Américas para uma conversa com foco no futuro e ênfase na sustentabilidade econômica, social e ambiental da produção animal.
Participaram José Abelardo Mai, Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar de Belize; Mayara Jungles, Gerente de Sustentabilidade da gigante de proteína animal BRF/Marfrig; Izabella Teixeira, ex-Ministra de Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil; e Muhammad Ibrahim, Diretor de Cooperação Técnica do IICA.
A moderadora foi Margaret Zeigler, Representante do IICA nos Estados Unidos, enquanto o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, pronunciou as palavras de boas-vindas, destacando a importância do evento.
“Aqui estamos falando do futuro da agricultura e não podemos concordar com a acusação de que a produção animal é a vilã. A pecuária é essencial para a segurança alimentar, bem como do ponto de vista econômico e social, para a América e o Caribe, onde a maioria dos produtores são pequenos e médios. A região representa 26% da produção animal mundial e 33% do total das exportações, de modo que o seu papel é insubstituível”, disse Otero.
O Diretor Geral do IICA explicou que a pecuária da América Latina e do Caribe está transitando por um processo de transformação para uma maior eficiência e uma redução de suas emissões de gases de efeito estufa. “Devemos aumentar os investimentos em ciência e inovação, promover um comércio sem distorções e ter orgulho do nosso setor produtivo para seguir pelo mesmo caminho”, afirmou.
O setor privado e a sustentabilidade
Mayara Jungles explicou com detalhes a jornada do plano de descarbonização da empresa da BRF/Marfrig, uma das maiores companhias alimentares do mundo, que tem quase 90 anos de história e impacta as vidas de milhões de pessoas.
Jungles considerou que a América Latina é crucial para a segurança alimentar global e indispensável para a sustentabilidade ambiental, devido a suas florestas que constituem um sumidouro de carbono.
“Ser sustentáveis e conservar a biodiversidade são os princípios que nos guiam. Promovemos a adoção de boas práticas por parte dos produtores e monitoramos o desmatamento nos biomas brasileiros da Amazônia e do Cerrado. Temos objetivos de redução de gases de efeito estufa e programas especiais para a capacitação de pequenos produtores, aos quais damos apoio técnico para atender as regulamentações ambientais”, especificou.
Teixeira, Assessora Especial do IIICA no G20 e nas COP29 e COP30, enfatizou a necessidade de dar mais impulso à ciência e à inovação para promover a adaptação à mudança do clima por meio, por exemplo, de modificações genéticas que sirvam para se adaptar à escassez de água.
“A região deve fixar uma agenda inovadora na negociação sobre a mudança do clima, que é essencialmente política e não está presente apenas nas Conferências das Partes (COP) da Convenção, mas também em âmbitos como o G20, o G7 ou o Foro de Davos”.
“A obrigação é produzir mais alimentos, afetando menos a natureza em uma região vulnerável. Isso tem fortes implicações políticas e devemos atuar juntos, o setor público e o privado. O futuro já está aqui, e temos grandes desafios”, alertou.
Jose Abelardo Mai também ressaltou a importância da região para a segurança alimentar e o combate à mudança do clima, por sua capacidade produtiva e sua biodiversidade.
“Não devemos esquecer que o milho é nativo das Américas, e que muito dos alimentos mais importantes do mundo vêm do nosso continente. Os Estados Unidos e o Canadá são grandes produtores de trigo, milho e soja. E também temos o México e o abacate, o café e o cacau da América Central, a batata dos Andes e a maravilhosa carne da Argentina e do Brasil. Produzimos para as Américas e o restante do mundo”, disse o Ministro de Belize.
Mai valorizou a importância da cooperação técnica do IICA para a pecuária sustentável em Belize e disse que, hoje, os produtores do país centro-americano aprenderam que não há necessidade de derrubar árvores para criar gado.
O Ministro também se referiu às adversidades que os produtores centro-americanos enfrentam devido à mudança do clima. “Foi difícil vir à COP29. Enquanto estamos aqui, os problemas continuam. É crítico que os acordos internacionais sejam cumpridos quanto à ambição climática e que haja financiamento internacional para os países em desenvolvimento”, apontou.
Ibrahim antecipou que a América Latina continuará a ser insubstituível para a provisão de proteína e a segurança alimentar e nutricional do mundo, mas advertiu que, devido ao impacto da mudança do clima, o setor deve ser mais eficiente no uso dos recursos naturais.
“Enfrentamos vulnerabilidades — reconheceu — no aspecto social: temos uma população rural envelhecida, de modo que devemos envolver os jovens, para promover a prosperidade no campo. A pecuária é essencial e, hoje, graças aos sistemas silvipastoris, está reduzindo suas emissões e contribuindo para a conservação dos ecossistemas. Temos feito muitos avanços e muitos países da região já estão incluindo a produção animal em seus compromissos de mitigação da mudança do clima, como parte da solução”.
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