More information:
Institutional Communication Division.
comunicacion.institucional@iica.in
As vozes dos produtores do continente, atores fundamentais da segurança alimentar global e da sustentabilidade ambiental do planeta, marcaram presença em um âmbito de debate que reúne os principais líderes políticos de 197 países.
Baku, Azerbaijão, 15 de novembro de 2024 (IICA) — As inovações produtivas que estão aumentando a capacidade do setor agropecuário das Américas para se adaptar à mudança do clima e contribuir para a mitigação de suas causas foram mostradas à comunidade internacional, reunida na COP29, em um evento no pavilhão do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) com seus parceiros na cidade de Baku.
Assim, as vozes dos produtores do continente, atores fundamentais da segurança alimentar global e da sustentabilidade ambiental do planeta, marcaram presença em um âmbito de debate que reúne os principais líderes políticos de 197 países.
A elas também se uniu o Nobel de Economia de 2019, Michael Kremer, que ressaltou a importância da inovação para melhorar a situação dos agricultores.
Casa da Agricultura Sustentável das Américas é o nome do pavilhão, que também esteve presente nas COP 27 e 28 e que se tornou realidade graças ao esforço de organizações do setor privado do continente, comprometidas com a sustentabilidade ambiental da produção.
O título da conversa foi “Diálogo para a ação climática: vozes dos produtores no combate à mudança do clima”, cujo valor se viu realçado com uma exposição de Kremer que, além de Nobel, é Embaixador da Boa Vontade do IICA para o Desenvolvimento Sustentável. O Ministro de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, Paulo Teixeira, também se uniu à conversa.
Participaram também: Keithlin Caroo-Afrifa, Diretora Executiva da organização Helen’s Daughters, que trabalha no apoio a mulheres rurais do Caribe; Luisa Volpe, da Organização Mundial de Agricultores (WFO); e Imelda Bacudo, Especialista em Finanças Climáticas da FAO.
Manuel Otero, Diretor Geral do IICA, foi responsável pelo discurso de abertura; e o Subdiretor Geral do organismo hemisférico, Lloyd Day, foi o moderador da conversa.
O potencial da inovação
Kremer contou que está orgulhoso de estar vinculado ao IICA há diversos anos e assegurou que o potencial da inovação para melhorar a situação dos pequenos agricultores é enorme.
“Em meu trabalho, tenho revisto muitas evidências sobre como ferramentas tecnológicas muito básicas e muito simples aumentaram a produtividade dos agricultores e mudaram a vida dos habitantes das comunidades rurais em diversas partes do mundo”, disse o especialista.
Kremer assegurou que, a um custo muito baixo, a digitalização pode ajudar pequenos produtores a ter acesso informações, a compartilhar conhecimentos e a melhorar o seu acesso a mercados.
“No Equador, por exemplo, a divulgação de mensagens de texto serviu para que os produtores de batata fossem muito mais eficientes na gestão de pragas e doenças. Na Colômbia, os telefones inteligentes têm servido para levar informações muito precisas sobre as condições meteorológicas que mudaram as práticas dos produtores”, acrescentou.
O Ministro brasileiro Texeira manifestou que a agricultura é uma parte muito importante da solução à mudança do clima, e antecipou que a COP30, que será realizada no ano que vem em Belém do Pará, Brasil, será uma excelente ocasião para reafirmar isso.
“No Brasil temos feito avanços em termos de harmonizar a produção e a conservação, e uma ferramenta fundamental foi o financiamento para dar incentivos a pequenos agricultores. Temos a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), e um financiamento especialmente baixo para os agricultores que produzem alimentos de forma sustentável e cuidam das florestas. Assim, diminuímos em 53% o desmatamento no Brasil do ano passado até este ano”, assegurou.
Manuel Otero, por sua vez, explicou que o IICA chegou à COP29 com três premissas fundamentais a serem ouvidas. Uma é que os agricultores devem ser os protagonistas da discussão sobre o futuro dos modos de produção; outra é a que ciência e a inovação devem ser a base das decisões que forem tomadas; e, finalmente, que a agricultura deve ser considerada parte da solução aos desafios climáticos.
“Não devemos esquecer que a agricultura é um instrumento de paz em tempos de convulsões e conflitos em boa parte do mundo”, concluiu.
Lloyd Day, por sua vez, mencionou a importância de mostrar no maior foro de negociação ambiental do mundo a realidade da agricultura — muitas vezes apontada por sua suposta responsabilidade na mudança do clima — e da necessidade urgente de financiamento para acelerar as transformações.
Parte da discussão
Luisa Volpe explicou que a Organização Mundial de Agricultores (WFO) é composta por 81 federações de 55 países do mundo todo.
“Trazemos a voz dos agricultores à negociação, e o IICA é um parceiro insubstituível para nós, pois representa os produtores das Américas. Os agricultores são empreendedores e também fazem parte do setor privado. Estamos aqui para ajudar os governos, e devemos fazer parte do processo de elaboração das Contribuições Nacionalmente Determinadas (CND), que cada país apresenta no âmbito de Paris”, afirmou Volpe.
Imelda Bacudo, da FAO, também enfatizou a centralidade da agricultura para enfrentar os desafios globais e, particularmente, para abordar a mitigação da mudança do clima.
“Não podemos confiar só nas florestas como sumidouros de carbono para cumprir os compromissos do Acordo de Paris. Os agricultores são fundamentais e devem estar nas CND.
Caroo advertiu que aqueles que cultivam a terra no Caribe não são somente produtores, mas também líderes da comunidade, que participam das tomadas de decisões. Caroo, mulher rural que é Embaixadora da Boa Vontade do IICA, dirige uma organização que trabalha em Santa Lúcia, Saint Kitts e Nevis e São Vicente e Granadinas.
“Procuramos assegurar que os agricultores se adaptem ao clima com variedades de sementes e que usem métodos indígenas para reduzir a erosão dos solos. Promovemos a integração de tecnologias para pequenas ilhas que são vulneráveis. Noventa por cento do nosso apoio vêm de fora do Caribe, de modo que o financiamento é o nosso obstáculo mais importante”, reconheceu.