O IICA vem realizando esforços para a construção dessa narrativa, aglutinando e convocando autoridades políticas e acadêmicas, além de peritos, técnicos e agricultores, com o objetivo de destacar e hierarquizar socialmente o trabalho imprescindível levado a cabo pelos produtores nos territórios rurais
BAKU, Azerbaijão, 15 de novembro de 2024 (IICA) – O Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, e jornalistas de Argentina, Brasil e Espanha debateram a criação de uma nova narrativa que permita iluminar o verdadeiro valor do setor agropecuário das Américas, vital para a segurança alimentar e a sustentabilidade ambiental do mundo.
O IICA vem realizando esforços para a construção dessa narrativa, aglutinando e convocando autoridades políticas e acadêmicas, além de peritos, técnicos e agricultores, com o objetivo de destacar e hierarquizar socialmente o trabalho imprescindível levado a cabo pelos produtores nos territórios rurais, reposicionando, assim, um setor estratégico para o desenvolvimento da América Latina e do Caribe.
“Iluminando o verdadeiro valor do setor agrícola das Américas: Vozes do jornalismo na construção de uma nova narrativa para o setor agropecuário” foi o título do painel, em que foram expositoras as jornalistas Silvia Naishtat, do Clarín (Argentina); Pilar Vázquez, de La Nación (Argentina), Fabíola Sinumbu, da EBC/Agência (Brasil), e Marta Montorjo, da EFE (Espanha).
O Diretor Geral do IICA abriu e encerrou a conversa, fazendo um resumo das ações do IICA pela construção dessa nova narrativa que supere visões enviesadas e coloque em primeiro plano o valor estratégico da agricultura das Américas.
A abordagem da interação entre agricultura, variabilidade climática e perda de biodiversidade, bem como da geração de novas políticas públicas no mundo, requer também, segundo a visão do Instituto, uma nova narrativa que favoreça o uso mais eficiente dos recursos, a diminuição das emissões de gases de efeito estufa e maior resiliência e produtividade.
“Existe uma série de acontecimentos na cena internacional que definem uma nova geopolítica alimentar e situam a agricultura no topo da agenda mundial. Isso não pode passar despercebido para um continente que é a região exportadora de alimentos mais importante do mundo e possui a maior parte dos recursos naturais”, disse Otero.
“Para capitalizar as novas oportunidades, temos que reconhecer que devemos construir uma nova narrativa, pois a dura realidade é que ainda estamos sob os efeitos negativos de uma velha narrativa, em que se continua relacionando a agricultura com um setor extensivo, extrativo, com fracos vínculos com o restante da economia e, em alguns casos, associado a problemas ambientais e sociais. É necessário acabar com este círculo vicioso e implementar um virtuoso, tentando-se identificar os elementos de uma nova narrativa que transmita uma visão mais positiva e ambiciosa da agricultura”, acrescentou Otero.
Silvia Naishtat, que também é engenheira agrônoma, indicou que, “na Argentina, a cadeia agrobioindustrial representa 60% de nossas exportações, mas tem um lugar muito reduzido nos meios de comunicação. Há histórias extraordinárias de agtechs que raramente aparecem nos meios de comunicação. Nós, jornalistas, temos o dever moral de mudar nossas perspectivas”.
“Parece-me extraordinária a decisão do IICA de promover uma nova narrativa, que faz falta. Nós, jornalistas, não construímos narrativas; damos informações. Nas notícias subjazem sempre as visões de quem as publica, mas não construímos narrativas. Hoje estamos em uma sociedade mais fragmentada, em que muitas pessoas já não se informam pelos meios de comunicação, mas pelas redes sociais”, acrescentou.
Fabíola Sinimbu, da Agência Brasil, referiu-se à cobertura realizada em seu país sobre a atividade agropecuária, a partir da ação intensa dos ministérios envolvidos com a agenda setorial. “Para a construção da nova narrativa da agricultura das Américas é necessário contar as iniciativas e as histórias dos agricultores que contribuem para o futuro do planeta”, disse.
Por sua parte, Marta Montorjo, jornalista da agência EFE e EFE Verde, indicou que a cobertura do setor agropecuário normalmente se faz com base em uma agenda de conflito. “Cobrimos os protestos que houve em toda Europa contra as medidas ambientais europeias e as demandas foram viabilizadas”, afirmou, advertindo contra o perigo da criação de dicotomias entre agricultores e o meio ambiente.
Pilar Vázquez explicou que “transmitir a realidade do setor agrícola às pessoas que não o conhecem requer contar as histórias dos agricultores que trabalham todos os dias para levar comida à mesa de que vivem nas cidades. É preciso contar tudo o que está por trás da agricultura: há muita inovação, muito trabalho em prol da sustentabilidade. A comunicação com o agro é um desafio para os jornalistas”.
O evento foi moderado pelo Assessor de Comunicação da Direção Geral do IICA, Guido Nejamkis.
Como parte da construção dessa nova narrativa, o IICA promove parcerias e debates. Em setembro, em Nova York, pesquisadores, dirigentes políticos, diretores de organismos internacionais e representantes do setor privado e da sociedade civil protagonizaram um debate inédito sobre os caminhos para a construção dessa nova narrativa, convocado pela Universidade de Colúmbia e pelo próprio IICA.
O tema também foi abordado pelo Diretor Geral do IICA no Normam Borlaug International Dialogue 2024, organizado pela Fundação World Food Prize (WFP), em Des Moines, Iowa, no qual indicou a necessidade da construção de uma narrativa que mostre a verdadeira cara dos setores produtores de alimentos, fibras e energias para o mundo, sem esquecer seu cuidado com a biodiversidade e trabalho para mitigar a mudança do clima.
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